A dominação de mulheres fortes e independentes nos filmes da Disney

Desde pequena, eu tinha um gosto diferente para as princesas. Eu não gosto da Bela Adormecida, da Branca de Neve e nem da Cinderela. A minha primeira princesa favorita, desde pequena, foi a Ariel. Ariel e a Alice, na verdade porém a Alice não é considerada uma princesa (pelo menos eu acho) mas de qualquer maneira eram personagens que eu literalmente me via, o jeito, a forma de pensar, de questionar tudo. Logo depois eu descobri a Bela, uma menina simples apaixonada por livros e uma personagem extremamente forte. Temos a situação de Gaston ser absolutamente obcecado por ela mas ainda sim querer mudá-la.

Depois da Bela, veio a Mulan. Parte de uma família religiosa e cheia de regras, Mulan ao ver seu pai ser convocado para uma grande guerra na China, não suporta pensar nele naquelas condições indo lutar. Então pega a armadura e a espada de seu pai, corta seu cabelo, e se passa por um homem pra ser aceita pelo exército e ir lutar no lugar de seu pai. 

Eu sou apaixonada pela Mulan. E acho que esse foi o o filme que foi mais visível a mudança da Disney em relação à mulheres e a sociedade em sí. Até porque no filme, Mulan tenta se enquadrar na sociedade e seguir os padrões impostos porém não consegue. Por esse ser o mais visível, as crianças que assistiram Mulan, principalmente as meninas, viam o filme e pensavam: Cara, ela salvou o páis dela. O país que a menosprezava, que dizia que mulheres não tinham voz, que não a escutava. Ela o salvou. E o país se curvou diante dela, homens religiosos e extremamente machistas mudaram sua ideia e se curvaram.

Depois da Mulan, penso que a geração das princesas mudou. Tivemos a Rapunzel, a Merida de Valente, Elsa e Anna de Frozen, e claro, a Malévola.

Rapunzel é uma menina que passou 18 anos em uma torre, trancada, sem contato com o mundo externo. Com isso, ela se virou. Literalmente. Ela pintava suas paredes, cozinhava, lia, e com isso virou uma menina sonhadora porém não avoada. Apesar dos perigos aparecerem e de sua mãe sempre a lembrando de como o mundo era cheio de coisas ruins, Rapunzel quer seguir seu sonho e ao lado de Flynn Rider/Eugene, ela consegue. 

Merida lembra um pouco a Mulan, apesar de suas histórias serem distintas. Filha de vikings, sofre a pressão de ter que se casar e se comportar como uma princesa. Sua mãe é extremamente conversadora e tenta treinar Merida para o futuro como princesa, porém ela se revolta. Com seus cabelos soltos, ruivos e desalinhados, ela gosta de cavalgar e treinar arco e flecha, não usar vestidos apertados e se calar toda vez que a mandarem. Como é um filme recente, eu não queria dar spoilers apesar de achar essa cena essencial para a descrição dela, mas digo a vocês que ela é dona dela mesma e gosta de provar isso.

Elsa e Anna são duas irmãs e o filme se baseia nisso. Não em amores platônicos e princípes ricos e bonzinhos, pelo contrário. Quando vi Frozen pensei ''Um vai ficar com a Anna, e o outro ficará com a Elsa, com certeza''. Mal sabia que estava prestes a ver um dos filmes que jogam esses padrões no lixo e mostram que nem sempre o bonitinho e bem apresentável será o certo. Fora dizer a crítica que faz no filme contra essa coisa de ''amor a primeira vista'', é trabalhada de forma bem literal com as outras histórias de princesas Disney. Por fim, o amor entre as duas irmãs é a solução para tudo e não um príncipe em um cavalo branco que você mal conhece.

                     

Agora, fugindo do quesito animação é necessário citar Malévola. Aliás, como falar sobre a reviravolta da disney sem citar Malévola? E não, não é uma readaptação do Bela Adormecida ou coisa assim. No filme, ficamos sabendo o lado da Malévola. 

É uma fada diferentes das outras fadas. Ela é forte, independente e protetora. Protege seu reino de todo o mal que os humanos podem lhe causar, até se apaixonar por um. Porém, o amor que ela julgava ser verdadeiro acaba se mostrando o contrário, o que a faz pensar que o amor não existe e tudo é uma grande mentira. Até sentir um tipo de amor totalmente diferente. O tipo de amor literalmente incondicional, aquele amor familiar, aquele amor mãe e filha. Ela o sente por Aurora com o passar dos anos e é um sentimento recíproco. Mas ai você pensa, como a Bela Adormecida acordará? Pois é meus amigos, quase da mesma forma que Elza salvou a Anna. 

Frozen e Malevóla são um grande ''chega pra lá'' nessa história de sua vida só terá sentindo se houver um grande amor nela. Eles mostram que muitas vezes, o amor que você precisa é o que amor que você normalmente tem, mas não vê. O da sua família.

O que esses filmes tem em comum? Mulheres mostrando sua independência, meninas dizendo não aos padrões sociais. E principalmente, algo que era pouco visto em princesas Disney, o amor próprio. Merida que o diga não?

O que é necessário entender e refletir, é como esses filmes irão fazer com que as crianças dessa geração Disney sejam. E é isso que importa. Podemos ver o outro lado de tanta coisa, coisas que não víamos na Disney dos anos 80, ou 90. Crescemos com ''meninas brincam de Barbie e meninos de carrinho'' ou ''como assim você nunca beijou ninguém aos 17 anos?'' e, com um pouco de sorte, poderemos ver nossas crianças de hoje em dia não ouvir isso. Ou pelo menos saber como se defender quando ouvirem. Não pensem que a tv, mais precisamente os filmes não tenham todo esse poder, porque filmes são o que muitas vezes ditam o padrão, o ''bonito'', o ''certo''. Bom, se a Merida não quer se casar e quer cavalgar com o seu arco e flecha, por que eu não posso brincar de carrinho mesmo sendo menina? Quem disse que eu preciso ter um namorado em uma certa idade? Eu posso ser eu mesma. 

E é isso que precisamos saber. Que somos donas de nós mesmas, e que se quisermos, podemos sim conquistar nossos sonhos, ficarmos solteiras ou salvar nosso país.