15 de junho de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria - A surpresa boa de 2015

 

Mad Max mal estreou e já é visto como o melhor filme de 2015. Confesso que quando fui ver no cinema, estava praticamente zerada de informações sobre o filme (é uma trilogia dos anos 80 e eu não vi todos os filmes). Quando vi o trailer na sala de cinema, a espera dos Vingadores - Era de Ultron só pensava uma coisa: Que filme lindo. E a admiração só aumentou quando o vi realmente, por diversos motivos.

O primeiro é, obviamente, os mecanismos técnicos do filme. A fotografia, o uso da velocidade, a paleta de cor. Tudo ali encanta e tem a personalidade do filme. As cores quentes e vibrantes são essenciais na obra, por se passar em uma cidade que se tornou um deserto. Sem falar da trilha sonora, muito importante para as cenas tendo em vista que, em muitas delas, não tem diálogo e sim as expressões e os gestos dos personagens, ou até mesmo as lutas. Tais cenas que marcam o filme como as capotagens de carros, foram reais, assim como o deserto (ia ser gravado na Austrália mas começou uma temporada de chuva e cresceram florzinhas por todo o local, e não era isso que eles tinham em mente).

O filme se passa numa realidade distópica, onde os seres humanos sobreviventes a todo o caos estão espalhados pelo deserto Wasteland. Vagando no mesmo está Max, com suas lembranças que o rementem a como é a dor de não ter conseguido salvar as pessoas do que ocasionou tudo que o cercava. Nos primeiros minutos do filme você pensa que irá se passar todo com Max e seus surtos de memória totalmente conturbados, porém não. Na verdade, ele mal tem voz no filme. A condutora e salvadora de tudo é a Imperatriz Furiosa. Sim,vocês leram certo: o foco principal, em um remake, feito pelo próprio diretor dos filmes originais, de um filme de ação, foi uma mulher.



Vivemos em uma era em que as distopias estão fazendo um tremendo sucesso, sendo para o público jovem-adulto ou simplesmente adulto, que é o caso de Mad Max. No jovem-adulto temos heroínas como Katniss Everdeen e Tris, que tentam a todo momento salvar a população oprimida de um governo totalmente centrado e totalitário. Em Mad Max vemos algumas diferenças ao desenrolar da história.

Preciso avisar que a partir daqui vai rolar uns spoilers (não sei se são leves ou não) porém se você não curte spoilers e não viu, volta aqui depois que ver ♥

As diferenças são, como por exemplo, o foco da luta da Imperatriz. É necessário perceber que em nenhum momento sua intenção foi de acabar com o governo de Immortan Joe, que controlava tudo de forma extremamente totalitária, mas sim salvar suas cinco esposas da exploração, principalmente sexual, que sofriam.
No filme vemos que as mulheres são tratadas realmente como objetos na Cidadela. Algumas inclusive são separadas para servirem como produtoras de leite materno, que serviam para o exército e seu governante como uma forma de suplemento, de fonte de força.



Vi muitas opiniões sobre o filme ser ou não feminista, e na minha opinião ele não é, mas quase chegou lá. Talvez ele seja, sim, um filme que aborda a diversidade de uma forma muito positiva e até a sororidade, que é algo importante no feminismo. A sororidade é vista a partir do momento em que a Imperatriz burla as regras do Immortan Joe e salva suas cinco mulheres das mãos dele. Elas fogem juntas, com a promessa de ir para uma vila em que a Furiosa foi criada e as habitantes eram só mulheres.
O diretor, George Miller,  teve todo o cuidado para fazer com que o filme mostrasse características feministas através do olhar de uma mulher não foi atoa que o mesmo pediu ajuda de sua esposa, Margaret Sixel, e a uma dramaturga feminista, Eve Ensler, a mesma que escreveu Os monólogos da Vagina.

A diversidade está presente em tudo no filme. Temos mulheres guerreiras de diversas idades. Tem brancas, latinas, índias, negras, e nos homens a diversidade também é abordada. Furiosa, a líder, salva Max quando ele precisa, e o mesmo sabe que ela é melhor nisso do que ele. Ele não hesita ao deixá-la tomar conta da situação, e nem reproduz o machismo que também é abordado no filme.
Ela é a ''heróina'' do filme, mesmo possuindo uma deficiência, não ter um braço. Mesmo não sendo hipersexualizada como as heroínas, por exemplo, da Marvel. Mesmo não sendo perfeita. Na verdade nem ela nem o próprio Max são perfeitos, cada um com suas deficiências.





Por fim, Mad Max foi a surpresa boa de 2015. Sai do cinema apaixonada e ansiando pela sequência do filme. Confesso que depois da decepção que foi, para mim, ver a Víuva Negra em Age of Ultron com todas aquelas apelações românticas e as tentativas repetitivas de coloca-la como mocinha indefesa, Imperator Furiosa entrou para a lista das minhas personagens femininas preferidas. Esse filme foi um grande passo para, possivelmente, termos filmes Hollywoodianos menos misóginos, menos machistas e mais inclusivos.

Leituras complementares:
Imperatriz Furiosa e as mulheres feministas em Mad Max: Estrada da Fúria
Mad Max: Estrada da Fúria (Feminista)

PS: Não se esqueçam de correr pra ver esse filme no cinema! Esse é o típico filme que é necessário uma telona pra apreciar cada detalhe.