27 de julho de 2017

Melodrama com mulheres beijadas no escuro

pinterest: @xbravenewworldx instagram: @_danae.18

Lorde salvou o meu semestre com um determinado álbum: Melodrama. Lançado em 16 de junho desse ano, ela pegou todas as mulheres que se sentem um fardo, que escrevem, que dançam bêbadas em baladas pra esquecer algum sentimento e afins, e abraçou. Eu fui uma delas.
Isso tudo é pra eu dizer que eu sou intensa demais e isso já foi visto de várias formas. Quando eu era pequena, eu olhava pra uma cena bonita de amor entre um neto e uma avó, um cachorro e um dono, uma família toda feliz e sentia um negócio dentro do peito que parecia queimar. Quando eu peguei um casal boneco de gêmeos que tinha quando era criança e abracei eu falei ''Mamãe eu tô sentindo uma coisa aqui'' apontando pro coração.
Animais na rua me chamam mais atenção do que deveriam, pessoas sofrendo espalhadas por ai, a possibilidade de enquanto eu to escrevendo isso alguém estar apanhando, morrendo ou sofrendo por ser nada mais do que quem são, isso me dá sentimentos que nem sei nominar.
Pra muitas pessoas isso é ótimo. É lindo. Em um mundo onde as pessoas estão cada vez menos sentimentais, menos presas, menos intensas, é legal ter alguém conservando isso. Mas não é.
Não é legal se sentir um fardo, a pessoa solitária, a pessoa que foge do normal mas o que ela ganha com isso? O que tem pra pessoa sentimental, intensa, com vênus em gêmeos e lua em escorpião?

''I know that it's exciting
Running through the night, but
Every perfect summer's
Eating me alive until you're gone
Better on my own.''
Ser dessa forma é solitária e nada especial. Ouvir que seus relacionamentos não dão certo ou alguém foi embora da sua vida porque você é muito intensa não é legal. Eu não escondo a dor de um término, nem tenho vergonha de sentir, de correr atrás. Minha cara tá pro tapa 24 horas por dia. Eu levanto a mão (as vezes nem é isso) pra debater, eu questiono, eu não engulo. Eu escrevo sobre, eu exponho. Não adianta tentar domar isso.
Mulheres que são assim incomodam. Porque nossos sentimentos sempre são usados pra justificativas e não como realidade. Nosso instinto materno é justificativa pra quando nos obrigam a cuidar de alguém, nosso lado sentimental é justificativa para quando sofremos por coisas que homens muita vezes matam, nossa raiva e temperamento é de acordo com nosso calendário menstrual. Apesar de sentimentos e mulheres andarem lado a lado pra sociedade, eles não são respeitados como tal.
Homens são poetas quando escrevem sobre mulheres que se apaixonaram enquanto mulheres quando fazem o mesmo são taxadas de psicóticas que não superaram bem um relacionamento. É bonito quando o homem tem, exagero quando é a mulher.
''I am my mother's child, I'll love you 'til my breathing stops
 I'll love you 'til you call the cops on me.''
Eu explodo, eu tenho tempestades em mim saindo por onde e quando não devem, eu sinto coisas demais, vejo demais, penso demais. As expectativas são altas até pra mim. É sempre uma maré. Quando quebram meu coração, ele cai como uma montanha de taças de vidro. Há barulho, incômodo, e até mesmo uma beleza.

15 de maio de 2017

A (re)visita

Imagem de drawing, art, and arte

você tem meu coração e com ele faz o que quiser
só não faz o que é gentil, o que menos dói, o caminho curto
você tem meu corpo mas está distante dele
você brinca nele e vai embora, quando te dá na cabeça que sim
quando tudo que eu queria era que ela te dissesse que não
você tem minha respiração mas a prefere ofegante, perdida, procurando sua boca sem sucesso, sem paz
você me tem mas não é o suficiente
você quer mais
você não me quer mais

8 de setembro de 2016

Borboletas Traíras


Me expus. Ignorei meus instintos. Segui em frete. Não olhei pra trás. Na verdade olhei, mas não me assustei mais. Aquilo não me paralisava. Não mais.
Me deixei descobrir. Me deixei sentir. Senti pele na pele. Mãos juntas, grudadas, interligadas. Senti beijo. Senti calafrio. Senti as borboletas, não só na barriga, mas no corpo todo. Elas seguiam pelo corpo, formigavam com toda a rapidez, pedindo outro corpo. O teu.
E então eu me assustei. Como pode? Não. Não deixa não. Vai se arrepender.
Mas você me segurou e falou ‘’Ta tudo bem’’ e tava mesmo. Tava tudo bem. Tava você.
Ouvi músicas, abracei canções, mergulhei totalmente nos teus olhos. Que se abraçavam com os meus. Que te caçavam em todo lugar. Na cama, na rua, aqui.
Virei noites. Revivi dias. Odiava horas; Elas me separavam de você.
Tua voz me perseguia. Teu cheiro virou meu cheiro. E quando eu vi, era isso.
Isso ai. Que todo mundo reconhece só de olhar. Aquilo que as pessoas escrevem músicas, que dizem que dá até sentido pra vida. Que te perguntam ‘’Que foi?’’ e você diz ‘’Nada...’’ mas na verdade é Tudo. Que dá vontade de levantar da cama, de dar bom dia pra cada alma viva na rua, que dá vontade de fazer mais. De ser mais. Eu fui mais. E dei mais também. Eu segui, você ficou. Eu me libertei, você paralisou.
As canções que abracei sussurravam baixinho para solta-las. Tava na hora.
Por favor, me solta.
Dessa vez quem pedia era eu.
Eu te segurava com a palma das mãos, vermelhas, as pontas dos dedos embranquecidas. Você me segurava pela ponta dos dedos. E foi entre eles que eu escapei.

8 de agosto de 2016

Sobre a síndrome de pequeno príncipe, responsabilidade emocional e empatia.


Se você tem facebook e tem amigos que compartilham textão você provavelmente deu de cara com pessoas compartilhando textos sobre ''ser contra a geração que não demonstra o que sente'' ''de ser contra joguinhos'' ''de ser 8 ou 80, ou vai ou fica.'' Eu inclusive compartilhei coisas do tipo. Da mesma forma, tiveram pessoas que compartilharam coisas totalmente antônimas como: ''não sou obrigado a responder rápido'' ''as vezes eu sou frio mesmo'' e afins. Com quem eu concordo? Bom, com as duas.
Eu entendo as duas. Eu sinto as duas. Eu sou as duas. Você também é, querendo ou não. Você também quebrou um coração por aí, foi filha da puta com alguém, alguém já sentou e discorreu sobre como você foi legal mas depois sumiu, ou simplesmente mudou. E isso ocorre sim, ninguém é obrigado a não mudar, ser o mesmo pra sempre só pra conservar o sentimento de outra pessoa por você. Talvez seja essa é grande questão.
Todo dia somos bombardeados por textos de pessoas da nossa geração falando sobre pessoas da nossa geração na nossa geração. É a geração do smartphone falando através de um smartphone sobre como um smartphone é ruim e aliena as pessoas. E sim, a nossa geração tem alguns problemas. Vários. Mas só escrever sobre eles não adianta muita coisa, não é? Pois é. Mas é exatamente isso que eu estou fazendo. Entende?
A frase ''você é eternamente responsável por aquilo que cativas'' tem assombrado muito os nossos ouvidos, durante anos. A síndrome de raposa e pequeno príncipe se mostra presente no nosso cotidiano. Você dá match numa pessoa no Tinder, se anima, fala várias coisas, faz altos programas e promessas com a pessoa e para a pessoa. Vocês se falam todo dia, você tá naquela exaltação e de repente: acabou. Você não quer mais responder aquela pessoa, viu uma postagem dela que você não concordou, o encanto acabou. Miou. Se foi. Broxou. Pra você, ela mudou. Pra ela (a pessoa), você mudou. E na verdade tudo que ocorreu foi algo chamado: Tempo. Ele simplesmente passou. Mas e aquilo tudo que você disse pra ela? As saídas que você disse que teriam? As ''você é uma pessoa tão maravilhosa pra ser real'', ''você tem tudo haver comigo'',''eu nunca encontrei ninguém assim'', ''seus problemas acabaram, eu sou diferente, não vai sofrer comigo''. Pois é. Aquilo fica, não é? Na cabeça de um, no coração de outro.
A gente passa por várias pessoas nessa vida, nós não sabemos o que ninguém carrega dentro de sí. Traumas, fobias, espiritualidade, energias, passado, experiências, sentimentos. Nós somos o somatório disso tudo. E é tudo isso que temos pra dar. Não só isso, claro. Mas é por ai.
Já disse inúmeras coisas que passei na minha vida pra pessoas diferentes e ouvi de muitas que eu era forte por aguentar o que aguentei, já outras diziam ''ah é? pois eu passei por isso, e aquilo, e também tô aqui.'' e eu ficava de cara, porque sim, essa pessoa tava ali depois de tudo isso. E eu também. E isso era foda demais. Mas também via pessoas com cara de paisagem, desesperadas, por não ter passado por coisas daquele tipo, ou piores, e não saber o que contar. O que comparar, o que equiparar. E o que fica no final dessa conversa? A famigerada empatia.
Não, você não sofreu o mesmo que outra pessoa. Sim, você pode ter passado pela mesma situação, mas não, você não sofreu o mesmo que ela. Não como ela. Você não sabe o peso que aquilo tem pra pessoa. Assim como você também não sabe o que a sua pequena baguncinha vai fazer na vida dela. As promessas, os planos, as coisas que você disse que ela era: elas não vão embora. Elas não vão ser retiradas. Elas podem sofrer mutação, elas podem mudar, podem evoluir. Mas sumir elas não vão.
Assim como você também não pode colocar nas mãos de alguém todo o seu bem estar emocional. É importante se cuidar, é importante olhar pra dentro. A sua felicidade não deve depender de uma resposta rápida no Whatssap. De um visto por último, de uma visualização. Por favor, você é mais que isso. Eu digo você, eu digo pra mim.
Assim como, pra outra pessoa, o nível de interesse dela não está atrelado ao quanto tempo ela passa falando com você, ou se ela respondeu rápido, ou se ela te chama toda hora. As vezes, o interesse dela tá em mesmo depois de um dia cansativo de trabalho, ela chegar em casa, ver a sériezinha, comer, descansar, pra estar bem e poder falar com você. As vezes, ela só tem um jeito diferente de demonstrar interesse que você, e não é joguinho. Você pode querer que ela demonstre sempre interesse e querer grite, mande textão, ligue, stalkeie, curta tudo e não se assustar com isso. Mas nem todo mundo consegue fazer isso e se sentir bem. E você precisa entender isso.
Sim, os joguinhos estão em alta. A gente tem que tomar cuidado com tudo que fazemos virtualmente, porque tudo é sinônimo de interesse e da falta dele. Mas a gente precisa saber que: Joguinho não é sinônimo de interesse. E que: Nem tudo é joguinho. As vezes é falta de interesse, e precisamos saber quando alguém não nos quer mais, aceitar isso e seguir.
A responsabilidade que você tem sobre aquilo que cativas, ela não é eterna. Mas você não sabe o peso que aquilo carrega pra quem irá recebe-la, então não cultive. Sejamos sinceros, sejamos jogo limpo, sejamos nós. Mas vamos olhar primeiro, e saber primeiro com quem podemos ser.
No final, aquele velho ditado de não fazer com os outros o que não queremos que façam com a gente é o vale. E isso vale pro que nós podemos fazer com nós mesmos também.

13 de junho de 2016

Mas você também né

Mas você também né, é muito exigente. Você também é muito ansiosa, quer tudo ali, na hora, no ato, se acalma. Tenta não falar sobre esses assuntos polêmicos. Você tem uma opinião muito forte, isso também assusta. Nem todo mundo tá preparado pra lidar com uma mulher assim que nem você.
Tenta não dizer que você não pensa em ser mãe se não já vão olhar torto. Tenta não dizer que você não tem pressa em casar se não vão pensar que você é descompromissada demais. Ninguém compra a vaca quando se dá o leite de graça, não é mesmo? Então.
Ah, não fala de sexo. Você tem esse seu jeito de falar de sexo sem nenhum problema, sem risadinha, sem vergonha, vão pensar que você é puta. Quem quer namorar uma puta? Por isso ele não respeita você. Quem vai respeitar uma menina assim? Sem pudor, tenha modos!
Você intimida. Tenha paciência com ele. Tenha paciência com as inseguranças dele. Para! Se você ficar demonstrando tanta insegurança assim, ninguém vai ficar com você.
Fica aí falando de ansiedade, depressão, quem você acha que quer namorar uma maluca? Não fala que você toma remédio pra dormir, não fala dos seus traumas, não fala da sua família, não diz que você tem trauma de relacionamentos não. Mas olha, se ele não chegar em você, tenha paciência tá bem? O que? Você tomar atitude? Tá doida, menina?! Onde já se viu menina tomar iniciativa? Por isso vai acabar sozinha, com essas ideias. Se ele não responder você, não chama ele não, homem não gosta que fiquem muito em cima, vai sufocar. Como assim ele te chamou e você não respondeu? E dai que ele não é legal? Fica ai rejeitando todo mundo que aparece, vai acabar sozinha.
Não chama ele pra sair. Fica quieta. Fica parada. Não faz nada.
Você se expõe demais, você ri muito alto. Você tem uma cara muito fechada, sorria! Mas não fica de sorrisinho demais não, se não já viu né? Homem acha que tudo é convite. Você bebe? Mas homem não gosta de mulher que bebe. Não, quando ele sair, você tem que acompanhar, sendo lugar que você goste ou não. E se ele achar alguém melhor que você?
Espera um pouco pra dar, não dá muito rápido não. Mas menina, vai ficar prendendo ele até quando? Homem acaba procurando em outra o que não tem casa hein. Você também trata ele mal, que que tem se ele gritou uma vez ou outra com você? Que que tem se ele mente pra você? Homem é assim mesmo. É da natureza deles. Mulher tem que se dar ao respeito. Fica aí sendo relaxada com esse corpo, come menos. Foca no 36. E esse cabelo curto? Vão achar que você é sapatão. Você também né, não é tão feminina. Homem não gosta de mulher que xinga mais palavrão que eles, que joga mais que eles, que ganha mais dinheiro que eles.
Para.
Não seja você mesma. Não seja feliz com você.
Se não, assim ninguém vai gostar de você.

19 de maio de 2016

Fusão do cotidiano de mulheres aleatórias


Não sei se sou só eu mas, geralmente, meu dia melhora bastante quando acabo esbarrando com um(a) desconhecido(a) que me trata bem. Aquelas pessoas que veem que você sentou longe da sua companhia de viagem e perguntam se você quer trocar de lugar com elas, ou pessoas que simplesmente cedem o lugar pra você, sem necessidade, sem obrigatoriedade por lei de preferência, sem culpa, só porque a pessoa olhou pro seu rosto e sentiu algo bom. São as famosas pequenas coisas do dia que melhoram o seu dia por completo, ou talvez até a sua semana.

Surpreendentemente e felizmente, eu esbarrei com três pessoas do tipo num dia só. E ainda consegui falar com dois gatinhos vira-latas na rua, o que pra mim é uma vitória. Eu achava que meu dia estava ótimo e que a energia que me cercava estava algo sem igual de tão bom, até que no meio dessa gente, estava uma mãe. Uma mãe sem filho.

A moça notou que minha mãe estava com marcas nos braços causadas pelas bolsas que carregava. Preocupada, ela ofereceu ajuda à minha mãe que aceitou imediatamente. Ambas começaram a conversar sobre como era difícil viver a vida de uma mulher-mãe-trabalhadora, uma vida não dá descanso nunca, até que (provavelmente como um recurso de desabafo) a mulher simplesmente desabafou que havia perdido o filho. Dezoito anos. Eu não pude ignorar o fato de que o rapaz era um ano mais novo que eu, ele simplesmente acabara de fazer dezoito. "Foi acidente?" minha mãe perguntou e ela disse "Não. Mataram.". A gente deveria ter ficado surpresa, afinal não foi em batida de carro, nem nada. Não foi uma casualidade da vida, um evento cotidiano que acabou em desastre. Uma hora ele estava ali, e na outra não estava mais. Porque o mataram.

A moça disse que esse era o segundo filho que ela enterrava, já tinha enterrado outro filho também com dias. Fiquei calada o tempo todo e deixei minha mãe escutar e aconselhar a moça, afinal eu não sou mãe. Elas começaram a trocar experiências sobre perdas: minha mãe falando sobre os anos que a gente passou com a minha vó com Alzheimer e depois como foi perde-la. Contou que terminou a faculdade na marra, porque ela trabalhava, estudava e quando chegava em casa tinha que trocar frauda, limpar suas feridas, dar comida. ‘’Eu dormia todo dia três horas da manhã pra no dia seguinte estar de pé pra trabalhar. ’’, disse minha mãe. A moça deu o olhar mais solidário que ela poderia enquanto escutava minha mãe contar como foi ver uma mulher forte, que nunca parou de trabalhar e de lutar pra sobreviver, nordestina, guerreira, simplesmente ir perdendo toda essa sua identidade aos poucos e ir ficando cada vez mais vulnerável, cada vez mais frágil.

A moça disse que as pessoas falavam pra ela que ela deveria se manter forte porque ela tem mais uma filha e dois netos, que eles precisavam dela: "Mas tem dias que eu não consigo..." ela admitiu. Eu não aguentei ouvir isso e soltei, com um receio enorme, "Moça, antes de a senhora ser mãe e avó, a senhora existe. A senhora é uma pessoa." ela me olhou como se ninguém nunca tivesse falado isso pra ela, e concordou. Acho que até ela se surpreendeu por ter concordado.

Contou que já havia tido depressão e que ela e seus filhos tinham medo de isso ocorrer de novo com ela. Disse que se fosse necessário ela buscar ajuda, e principalmente se ajudar. Minha mãe compartilhou da mesma opinião mas acrescentou que ela deveria dar um espaço pra dor, afinal ela estava de luto. Ela pode chorar, ela pode ficar perdida. Ela tem esse direito. Teve um momento em que ela contou que sorriu sem perceber e pensou "Meu deus que que eu tô fazendo? Eu não posso sorrir."

Ela pegou uma foto do filho e mostrou pra minha mãe, e isso despertou a atenção de uma outra mulher do metrô. Logo as duas estavam lá, ouvindo a moça, e eu ali no meio. Reconhecendo que eu não poderia mensurar a dor dessa mulher, e nem acalmar ela por mais que quisesse muito. Elas ficaram se ajudando e se ouvindo, até uma hora em que a moça não aguentou e começou a lacrimejar. Eu olhei pra ela e segurei na mão dela, e ela caiu aos prantos no meio do metrô. As pessoas olharam, mas eu só sabia falar pra ela chorar sim. Que eu estava ali. Minha mãe do lado dela também dizia coisas do tipo, do outro lado estava a senhora que veio depois. 

Eu não posso ignorar de que aquela mulher, por algum motivo, apareceu no meu dia. Se eu disser que não achei que foi coisa de Deus, eu estaria mentindo. Toda a energia que eu absorvi, todas as coisas boas que eu senti no meu dia, eu tentei ao máximo passar pra essa mulher. E foi impossível não ver a gratidão nos olhos dela.

Não posso não atribuir isso ao feminismo, um movimento que me fez olhar para as outras mulheres de uma forma muito mais fraternal. Eu as valorizo de forma que nunca fiz antes. Talvez sororidade seja isso. A gente se entender sem se conhecer. A gente ter empatia, porque sabemos como é ser mulher nessa sociedade. Ser uma mulher, periférica, negra. Moradores da zona norte/baixada do Rio de Janeiro não tem paz, e pior quando se é uma mãe.

Depois quando chegou na estação Pavuna, estação final, nós nos levantamos e ela olhou pra todas nós e agradeceu com todo o coração. A outra moça segurou a mão dela e disse "Força", a minha mãe falou pra ela cuidar do espiritual dela e eu só fiz um carinho no braço dela e sorri com os olhos.

Meu dia terminou com mulheres tendo empatia por outras mulheres. Eu, mulher, ajudei uma outra mulher, com outras mulheres. Enquanto eu contava essa história pra outras mulheres, as mesmas se emocionaram. E que assim seja: nós, mulheres, sejamos uma pela outra. Sempre.

15 de junho de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria - A surpresa boa de 2015

 

Mad Max mal estreou e já é visto como o melhor filme de 2015. Confesso que quando fui ver no cinema, estava praticamente zerada de informações sobre o filme (é uma trilogia dos anos 80 e eu não vi todos os filmes). Quando vi o trailer na sala de cinema, a espera dos Vingadores - Era de Ultron só pensava uma coisa: Que filme lindo. E a admiração só aumentou quando o vi realmente, por diversos motivos.

O primeiro é, obviamente, os mecanismos técnicos do filme. A fotografia, o uso da velocidade, a paleta de cor. Tudo ali encanta e tem a personalidade do filme. As cores quentes e vibrantes são essenciais na obra, por se passar em uma cidade que se tornou um deserto. Sem falar da trilha sonora, muito importante para as cenas tendo em vista que, em muitas delas, não tem diálogo e sim as expressões e os gestos dos personagens, ou até mesmo as lutas. Tais cenas que marcam o filme como as capotagens de carros, foram reais, assim como o deserto (ia ser gravado na Austrália mas começou uma temporada de chuva e cresceram florzinhas por todo o local, e não era isso que eles tinham em mente).

O filme se passa numa realidade distópica, onde os seres humanos sobreviventes a todo o caos estão espalhados pelo deserto Wasteland. Vagando no mesmo está Max, com suas lembranças que o rementem a como é a dor de não ter conseguido salvar as pessoas do que ocasionou tudo que o cercava. Nos primeiros minutos do filme você pensa que irá se passar todo com Max e seus surtos de memória totalmente conturbados, porém não. Na verdade, ele mal tem voz no filme. A condutora e salvadora de tudo é a Imperatriz Furiosa. Sim,vocês leram certo: o foco principal, em um remake, feito pelo próprio diretor dos filmes originais, de um filme de ação, foi uma mulher.



Vivemos em uma era em que as distopias estão fazendo um tremendo sucesso, sendo para o público jovem-adulto ou simplesmente adulto, que é o caso de Mad Max. No jovem-adulto temos heroínas como Katniss Everdeen e Tris, que tentam a todo momento salvar a população oprimida de um governo totalmente centrado e totalitário. Em Mad Max vemos algumas diferenças ao desenrolar da história.

Preciso avisar que a partir daqui vai rolar uns spoilers (não sei se são leves ou não) porém se você não curte spoilers e não viu, volta aqui depois que ver ♥

As diferenças são, como por exemplo, o foco da luta da Imperatriz. É necessário perceber que em nenhum momento sua intenção foi de acabar com o governo de Immortan Joe, que controlava tudo de forma extremamente totalitária, mas sim salvar suas cinco esposas da exploração, principalmente sexual, que sofriam.
No filme vemos que as mulheres são tratadas realmente como objetos na Cidadela. Algumas inclusive são separadas para servirem como produtoras de leite materno, que serviam para o exército e seu governante como uma forma de suplemento, de fonte de força.



Vi muitas opiniões sobre o filme ser ou não feminista, e na minha opinião ele não é, mas quase chegou lá. Talvez ele seja, sim, um filme que aborda a diversidade de uma forma muito positiva e até a sororidade, que é algo importante no feminismo. A sororidade é vista a partir do momento em que a Imperatriz burla as regras do Immortan Joe e salva suas cinco mulheres das mãos dele. Elas fogem juntas, com a promessa de ir para uma vila em que a Furiosa foi criada e as habitantes eram só mulheres.
O diretor, George Miller,  teve todo o cuidado para fazer com que o filme mostrasse características feministas através do olhar de uma mulher não foi atoa que o mesmo pediu ajuda de sua esposa, Margaret Sixel, e a uma dramaturga feminista, Eve Ensler, a mesma que escreveu Os monólogos da Vagina.

A diversidade está presente em tudo no filme. Temos mulheres guerreiras de diversas idades. Tem brancas, latinas, índias, negras, e nos homens a diversidade também é abordada. Furiosa, a líder, salva Max quando ele precisa, e o mesmo sabe que ela é melhor nisso do que ele. Ele não hesita ao deixá-la tomar conta da situação, e nem reproduz o machismo que também é abordado no filme.
Ela é a ''heróina'' do filme, mesmo possuindo uma deficiência, não ter um braço. Mesmo não sendo hipersexualizada como as heroínas, por exemplo, da Marvel. Mesmo não sendo perfeita. Na verdade nem ela nem o próprio Max são perfeitos, cada um com suas deficiências.





Por fim, Mad Max foi a surpresa boa de 2015. Sai do cinema apaixonada e ansiando pela sequência do filme. Confesso que depois da decepção que foi, para mim, ver a Víuva Negra em Age of Ultron com todas aquelas apelações românticas e as tentativas repetitivas de coloca-la como mocinha indefesa, Imperator Furiosa entrou para a lista das minhas personagens femininas preferidas. Esse filme foi um grande passo para, possivelmente, termos filmes Hollywoodianos menos misóginos, menos machistas e mais inclusivos.

Leituras complementares:
Imperatriz Furiosa e as mulheres feministas em Mad Max: Estrada da Fúria
Mad Max: Estrada da Fúria (Feminista)

PS: Não se esqueçam de correr pra ver esse filme no cinema! Esse é o típico filme que é necessário uma telona pra apreciar cada detalhe.

7 de maio de 2015

6 on 6: Maio

Gente, primeiro aviso do post: Eu tô viva! Talvez mais pra zumbi, devido vestibular + último ano do ensino médio mas eu tô aqui. Segundo aviso é, na verdade, um pedido de desculpas. Eu sei que o blog tá parado, mas eu vou tentar organizar isso pra todo mundo sair ganhando ♥
Como cês devem ter percebido, eu amo fotografar e amo esse projeto. Infelizmente, não tô tendo tempo de fotografar muito mas eis aqui as últimas fotos da minha câmera recém aposentada.

1- Essa visão linda de um forte da Barra de São João, RJ.
2- Pra consolidar meu passeio que foi ótimo por sinal ♥
3- Uma das casinhas dessa cidadezinha linda que eu fiquei doida!
4- Florzinhas pela rua.
5- Simbinha brincando no matinho da casa, que por sinal ele amou e ficou felizão. Porém odiou a coleira (por motivos óbvios), mas não tinha como ficar com ele num lugar desconhecido e sem tela :c
6-

É isso gente, espero que tenham gostado das fotos. Super recomendo viajar pra esse lugar pra quem é do RJ, é uma cidadezinha bonita e calma. Alguém mais conhecia? Me contem nos comentários!

9 de abril de 2015

6 on 6: Abril

Oi gente! Esse mês pra mim foi ótimo por motivos de: consegui viajar. Foi uma viagem de 3 dias, curtinha mesmo, mas consegui aproveitar até porque meu Simbinha foi comigo na mala ♥
Primeira viagem dele gente! Fiquei toda feliz!
Vamos as fotos:





1- Simba dormindo na viagem na minha cama que acabou virando mais dele do que minha.
2- Esses últimos dois meses eu me interessei bastante por HQs/quadrinhos e to cada vez mais me aprofundando e me apaixonando por esse mundo. 
3- Minhas aquisições da minha viagenzinha: minha colcha e minha canga.
4- Simba carente na minha cama na véspera da nossa viagem. Ele tava tão feliz que parecia saber que iria viajar pela primeira vez com a sua família.


Bom gente, resumi as coisas recentemente boas que aconteceram pra mim nessas fotos ♥
 Espero que tenham gostado e não deixem de conferir o projeto das outras meninas:

27 de março de 2015

Para conhecer: Bea Miller



Oi pessoal, faz muito tempo que eu não faço algo relacionado a música aqui no blog né?
Então, eu decidi falar sobre uma menina que vem se destacando em relação a estilo e na música. Alguém aqui assistia The X Factor em 2012? Época que tinha Britney, Demi e L.A Reid como jurados e artistas como Carly Rose Sonenclar, CeCe Frey, e Jennel Garcia e bandas como Fifth Harmony e Emblem3. Eu pelo menos amava essa temporada gente, dava altas risadas


E chorava também. 
Entre as artistas tinha a pequena, de 12 anos, Bea Miller, que tinha como mentora a Britney Spears. As duas juntas eram só amor ♥
Mas então o X Factor acabou, e então Bea postou sua nova música, "Rich Kids" no YouTube. Seu single recebeu mais de 150.000 visualizações em menos de uma semana. Além de também ter feito a abertura dos shows da Demi Lovato Tour.
Seu EP chamado Young Blood, foi lançado no dia 22 de abril de 2014 e teve uma ótima estreia, alcançou a posição #2 no Itunes chart "Álbuns pop"e ficou no Billboard 200 ficando em #64.
Fiquei semanas ouvindo sem parar esse EP, é maravilhoso, Pelo estilo dela eu jurava que ela iria seguir o caminho meio rock, talvez indie, mas ela provou que sabe fazer um ótimo pop para os nossos ouvidos. Minhas preferidas foram:


Você pode conferir o acústico da música Young Blood (maravilhoso por sinal) clicando aqui.

Bea também fez covers com a banda Boyce Avenue como Roar e We can't stop. No canal dela do youtube tem sempre tem algum cover maravilhoso dela, cada um mais lindo que o outro! Você pode conferir clicando aqui.

Além da carreira musical, Bea também é atriz e fez dublagens em desenhos como Toy Story 3 (Molly Davis) e Era do gelo. Essa menina é um prodígio né gente? Além de ter um instagram lindo de morrer!

O álbum de estréia dela já vem sido planejado e está previsto para 21 de julho desse ano, tô muito ansiosa gente! 


Então gente, gostaram? Já conheciam a Bea Miller? Me contem nos comentários!